quarta-feira, agosto 09, 2006

Contacto de 3º grau?

"...De dia, depois das aulas tenho de estudar.
Depois de jantar, posso ver um pouco de televisão e necessito de ir dormir, porque amanhã, tenho aulas novamente.
Sou uma criança de 13 anos.
Um jovem como tantos outros.
Que brinca, sorri, estuda, ama e está apaixonado pela menina que vive ao lado da mercearia.

Quando crescermos fugirei dela por causa dos seus olhos tortos.
Pobre menina, paixão de infância.

Sou uma criança normal como milhares.
Vivo com meus avós.
Sempre foram como pais para mim.
Minha mãe morreu, tinha eu três anos.
Apenas me lembro de a visitar no Hospital, uma semana antes do infausto acontecimento e aquela senhora bela, de cabelos castanhos compridos, chegar ao terraço do hospital e sorrir para mim.
O meu pai carregava-me ao colo.
Ela pediu para sentir o meu peso.
Perguntou se sabia quem ela era.
Disse que sim.

Era a minha mãe.

Sorriu.
Feliz.
Talvez a última vez.
E deu-me um chocolate.
Uma sombrinha de chocolate com uma prata cor de paixão, cor de fogo, cor de sangue.
Uma sombrinha de chocolate com uma prata vermelha.

O tempo passou.
As imagens não se desvaneceram.

Deveria estar a dormir.
Mas não.
Estou a ler um "Tio Patinhas" na cama.
Será que o avô vai aparecer e repreender-me?
Acabo de ler.
Apago a luz.
Subitamente levo um estalo na almofada.
- Sim, avô. Já vou dormir. Desculpa por ser tarde.
Silêncio.
Acendo a luz.
Nada.
Ninguém.
Chamo.
-Avô!!!
Ouço o ressonar de ambos os meus avós no quarto ao lado.
Assustado, torno a apagar a luz.
Mais uma vez, levo um estalo na almofada.
Desta vez com mais violência.
Tapo-me todo.
Pânico.
Não me movo.
Silêncio.

Custou a vir o sono.
Custou a desaparecer o medo.
Mas passou e acordei no dia seguinte.
Contei o sucedido.
Recebi uma prenda.
Um crucifixo de Ouro.
Que passou a andar comigo junto ao peito..."

Esta é a transparência de hoje. Muito Minha.
Ainda me arrepio ao escrever isto.

Até breve.

5 Comments:

Blogger Claudinha ੴ said...

Eu gostei demais desta sua idéia. Eu tenho casos incríveis e muita coisa que ninguém me explicou até agora?
Beijo!

1:04 da manhã  
Blogger Alexandra said...

Ontem deixei-te um comentário :) Tás desculpado por não me teres visto. Dadas as circunstâncias da lamechice e com razão, não se fala mais disso ;)

Sabes que me lembro perfeitamente dessas sombrinhas de chocolate? É das melhores lembranças que tenho com o meu Avô.Sinto muito a partida de tua Mãe!!!

Bem, a tua história é de arrepiar mesmo! Eu não gostava de ter tido uma experiência dessas... mas eu não associava isso à Mãe. Não me perguntes porquê, mas não associo. A que associo? Bem, se formos pragmáticos... não seria o teu sentimento de culpa?!

Noutro sentido... e não percebo muito, ou mesmo nada destas coisas, mas já tenho lido alguma coisa...a idade que tinhas, segundo li algures é propícia a acontecimentos desses. O porquê? Já não sei!

Mas, posso dizer-te que em bebé, segundo diz toda a gente, embora eu não ache, eu era muito bonita. Lembro-me da minha avó dizer que não podiam sair comigo à rua porque toda a gente vinha ver a bela criançinha. O resultado era que a criançinha cada vez que saía, chegava a casa doente. Isto, repetidamente. Segundo me dizia a minha avó, enquanto bébe, passei a vida a ser benzida. Segundo consta, não havia médico que me curasse...

Estranho, mas parece que foi verdadeiro. Não que me lembre, mas porque costumava brincar acerca desta história com a minha avó e ela não gostava nada!

Até mais!

1:22 da manhã  
Blogger *@rclight* said...

realmente algo pouco comum essa "prenda"..
mas é bom recordares a infancia desse modo,assim,n tens nada a t lamentar nem a atormentar-t!
é sempre bom viver momentos passados,pk nem sempre o passado nos traz máus momentos!
bonita história!

abraço!

8:00 da tarde  
Blogger Abssinto said...

Original:) Ai tens jeito, Paul. Queremos mais.

Abraço

9:01 da tarde  
Blogger Luthien Numenesse said...

Já tive um contacto identico uma vez... E na semana passada "puxaram-me o pé" lol espiritos brincalhões.

Abraços de Luz,

Herenya Na!

10:52 da tarde  

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